domingo, 14 de fevereiro de 2016

O Super Homem da Filosofia, O Übermensch

As composições de Friedrich Nietzsche não são tão conhecidas como seus escritos filosóficos ou seus poemas, mas o próprio Nietzsche, como um artista, pensou a música como seu principal meio de expressão.
Antes de se estabelecer plenamente como um filósofo, ele já havia criado uma miscelânea significativa de produções como poeta e compositor. A poesia permaneceu essencial para seus escritos filosóficos, e a composição musical tornou-se menos importante para ele na medida em que seu envolvimento com a palavra escrita foi adquirindo "nome próprio". Como conseqüência, as suas obras musicais são geralmente consideradas de pouca importância para a compreensão do seu pensamento filosófico.

Albert Camus e o anarquismo existencialista

Albert Camus é frequentemente citado como um defensor do existencialismo (a filosofia com que ele foi associado durante a sua vida), mas o próprio Camus recusou esta particular denominação.[27]
(em tradução) Camus é conhecido também como um fervoroso crítico do marxismo e de regimes marxistas alinhando-se com o anarquismo[6] sendo também um crítico da sociedade capitalista e do fascismo.[6] A influência de Nietzsche em Camus é bem conhecida e as such the essay The Rebelpresents an anarchist view on politics[6] influenciado tanto por Nietzsche quanto por Max Stirner who are treated in that book. "Como Nietzsche, ele mantem uma especial admiração pelos valores heroicos gregos e pessimismo por virtudes clássicas como coragem e honra. What might be termed Romantic values also merit particular esteem within his philosophy: passion, absorption in being, sensory experience, the glory of the moment, the beauty of the world."[28] "The general secretary of the Fédération AnarchisteGeorges Fontenis, also reviewed Camus's book (The Rebel) in Le Libertaire. To the title question 'Is the revolt of Camus the same as ours?', Fontenis replied that it was."

Quem Foi Emma Goldman

Emma Goldman foi profundamente influenciada por Nietzsche "tanto que todos os livros de Nietzsche podiam ser ordenados pelo correio através de sua revista Mother Earth".[22] Em última análise, a visão de Goldman sobre Nietzsche pode ser resumida pelo que ela se manifesta em sua autobiografia Living My Life. Ela citou que Nietzsche não era um teórico social, mas um poeta, um rebelde e inovador. Sua aristocracia não era nem de nascimento nem adquirida com dinheiro, mas era do espírito, a esse respeito Nietzsche era um anarquista. Em Viena, pode-se ouvir palestras interessantes sobre prosa alemã moderna e poesia e ler as obras dos jovens iconoclastas em arte e letras, o mais ousado entre os quais Nietzsche. A magia de sua linguagem, a beleza de sua visão, me levou para inimagináveis alturas, eu desejava devorar cada linha de seus escritos, mas eu era pobre demais para comprá-los".[26]Goldman chegou ao ponto de "batizar" Nietzsche como um "anarquista honorário"

Anarcossindicalistas, Anarcofeministas e anarcocomunistas

A publicação anarquista norte-americana Anarchy: A Journal of Desire Armed, cita que a maior obra do anarquista alemão Gustav Landauer For Socialism, também é diretamente baseada em idéias de Nietzsche.[22]
Rudolf Rocker foi outro admirador anarquista de Nietzsche, defensor do anarcossindicalismo, "Rocker invoca-o repetidamente em seu livro Nationalism and Culture, citando-o especialmente para fazer backup de suas alegações de que o nacionalismo e o Estado podem ter uma influência destrutiva sobre a cultura, uma vez que "Cultura é sempre criativa", mas "o Poder nunca é criativo". Ele termina seu livro com uma citação de Nietzsche.[23] Rocker começaNationalism and Culture refutando o marxismo, usando a teoria da vontade de poder, quando diz: "Quanto mais nós observamos as influências políticas na história, mais estamos convencidos de que o 'vontade de poder' tem até agora sido um dos motivos mais fortes no desenvolvimento de formas sociais humanas. A idéia de que todos os acontecimentos políticos e sociais são o resultado de determinadas condições econômicas, não são suportados por uma cuidadosa analise."[24]
Rocker também traduziu Assim falou Zaratustra em iídiche. [[Murray Bookchin, em The Spanish Anarchists, descreve o proeminente membro do CNT-FAISalvador Seguí como um admirador do individualismo nietzschiano, do Übermensch para quem tudo é permitido. Bookchin, em sua introdução em 1973 na obra The Anarchist Collectives de Dolgoff Sam, descreve a reconstrução da sociedade pelos trabalhadores como um projeto nietzschiano. Bookchin afirma que "os trabalhadores devem ver a si mesmos como seres humanos, não como classe, mas como personalidades criativas, e não como "proletários", como indivíduos com auto-afirmação, e não como "massas"... o componente econômico deve ser humanizado trazendo uma "afinidade de amizade" no processo de trabalho, diminuindo o papel do trabalho pesado na vida dos produtores, de fato por uma total "transvaloração dos valores" (usando a frase de Nietzsche) que se aplica à produção e ao consumo, bem como a vida pessoal e social ".[23]
Alan Antliff cita em I Am Not A Man, I Am Dynamite como o crítico de arte e anti-imperialista indiano Ananda Coomaraswamy, combina o individualismo e o sentimento de renovação espiritual de Nietzsche com o sistema econômico de Piotr Kropotkin assim como com o pensamento religioso idealista asiático. Esta combinação foi proposta como base para a oposição à colonização britânica, bem como para a industrialização.[23]
Apesar da misoginia de Nietzsche ser observada, ele no entanto ganhou a admiração de duas importantes escritoras e ativistas anarcofeministas. Este é o caso de Emma Goldman[25] e Federica Montseny.

Anarquismo individualista da América Latina

A anarquista e historiadora Angel Cappelletti relata que na Argentina, "...entre os trabalhadores que vieram da Europa nas duas primeiras décadas do século XX, houve curiosamente alguns individualistas stirnerianos influenciados pela filosofia de Nietzsche, que viam o sindicalismo como um inimigo em potencial da ideologia anarquista. Eles estabeleceram grupos de afinidade que em 1912, de acordo com Max Nettlau, totalizavam o número de 20. Em 1911, apareceu, em Colon na província de Buenos Aires, o periódico El Único, que se definia como "Publicacion individualista".[20]

Vicente Rojas Lizcano cujo pseudônimo era Biófilo Panclasta, foi um escritor e ativista anarquista individualista colombiano. Em 1904 ele começa a usar o pseudônimo de Biofilo Panclasta. "Biofilo" em espanhol significa "amante da vida" e "Panclasta" significa "inimigo de todos".[21] Ele visitou mais de cinquenta países propagando o anarquismo, sendo ele altamente influenciado pelo pensamento de Max Stirner e Friedrich Nietszche. Duas de suas obras escritas são Siete años enterrado vivo en una de las mazmorras de Gomezuela: Horripilante relato de un resucitado (1932) e Mis prisiones, mis destierros y mi vida (1929) que falam sobre suas muitas aventuras, enquanto vivia sua vida como um aventureiro e ativista bem como o seu pensamento e as muitas vezes em que ele foi preso em diferentes países.

Anarquismo individualista nos EUA

Nietzsche e Stirner eram freqüentemente comparados por "anarquistas literários" franceses e interpretações anarquistas de idéias de Nietzsche parecem também ter sido influente nosEstados Unidos.[18] Um pesquisador notou que ... de fato, as traduções dos escritos de Nietzsche nos Estados Unidos, muito provavelmente apareceram pela primeira vez no Liberty, o jornal anarquista editado por Benjamin Tucker. Ele acrescenta: Tucker preferiu a estratégia de explorar seus escritos, mas prosseguiu com a devida cautela: Nietzsche diz coisas esplêndidas, - muitas vezes, realmente coisas anarquistas -, mas ele não é anarquista. É dos anarquistas então o dever de explorar intelectualmente este explorador de forma rentável."

Max Stirner e Nietzsche

Max Stirner foi um filósofo cujo "nome aparece com familiar regularidade em pesquisas historicamente orientadas do pensamento anarquista como um dos expoentes mais antigos e mais conhecidos do anarquismo individualista."[7] Em 1844, seu O Único e Sua Propriedade (Der Einzige und sein Eigentum), foi publicado o que é considerado o "texto fundador na tradição do anarquismo individualista".[7]
As ideias do filósofo alemão do século XIX e as de Friedrich Nietzsche são frequentemente comparadas, e muitos dos autores tem discutido similaridades em seus escritos, algumas vezes levantando a questão sobre influência.[3] Na Alemanha, durante os primeiros anos do sucesso de Nietzsche como figura mais conhecidade, o único pensador a que foram discutidas a conexão entre suas ideias mais que Max Stirner, foiSchopenhauer.[8] É certo que Nietzsche leu sobre o livro O Único e Sua Propriedade, que foi mencionado na História do Materialismo (1866), deFriedrich Albert Lange e no Filosofia do Inconsciente (1869) de Eduard von Hartmann, que ambos Nietzsche ainda jovem conhecia muito bem.[9] No entanto, não há nenhuma indicação irrefutável que afirme que ele realmente leu o livro, como nenhuma menção a Stirner é conhecida em qualquer das publicações, jornais ou correspondências de Nietzsche.[10]
Logo que o trabalho de Nietzsche começou a alcançar maior audiência a questão de saber se ele tinha ou não alguma influência de Stirner foi levantada. Tão cedo em 1891 (enquanto Nietzsche ainda estava vivo, embora incapacitado por sua doença mental) Eduard von Hartmann sugeriu que ele tivesse plagiado Stirner.[11] Na virada do século a crença de que Nietzsche tivesse sido influenciado por Stirner era tão generalizada que tornou-se algo comum, pelo menos na Alemanha, solicitando um observador notar em 1907 que "A influência de Stirner na Alemanha moderna assumiu proporções surpreendentes, e moveu-se em paralelo com a de Nietzsche. Os dois pensadores são considerados como expoentes da essencialmente mesma filosofia."[12]
Porém, logo no começo do que foi chamado o "grande debate"[13] sobre a possível influência de Stirner em Nietzsche - seja ela positiva ou negativa - sérios problemas com a ideia foram notados.[14] No meio do século XX, se Stirner foi mencionado nas obras de Nietzsche, a ideia de influência era frequentemente destituída por completo ou abandonada como irrespondível.[15]
Mas a ideia de que Nietzsche foi influenciado de alguma forma por Stirner continua a atrair uma minoria significante, talvez porque se parece necessário explicar de alguma maneira razoável as frequentemente notadas similaridades em seus escritos.[16] Todo caso, os problemas mais significantes com a teoria de uma possível influência de Stirner sobre Nietzsche não são limitados à dificuldade em estabelecer se homem conheceu ou leu o outro. Também consiste em estabelecer precisamente como e porquê Stirner em particular pode ter uma significante influência sobre um homem tão lido como Nietzsche.[17]

Anarquismo e Friedrich Nietzsche

A relação entre o Anarquismo e Friedrich Nietzsche é ambígua. Apesar de Friedrich Nietzsche ter criticado o anarquismo,[1] seu pensamento mostrou-se influentes dentro dessa filosofia.[2] Como tal havia muitas coisas semelhante entre os anarquistas e Nietzsche: seu ódio ao Estado, seu desagrado pelo negligente comportamento social de "rebanho", seu anti-cristianismo, sua desconfiança do efeito do mercado e do Estado na produção cultural, seu desejo por um "Übermensch" - isto é, por um homem novo que não fosse nem mestre nem escravo."[2]
Durante o século XIX, Nietzsche foi frequentemente associado aos movimentos anarquistas, a despeito do fato de que em seus escritos parece haver uma visão negativa de anarquistas.[1]Isso pode ser resultado de uma associação popular no período entre suas ideias e as de Max Stirner[3]
Spencer Sunshine escreve "Havia muitas coisas que chamaram os anarquistas a Nietzsche: seu ódio ao Estado, seu desagrado pelo negligente comportamento social de "rebanho", seuanti-cristianismo, sua desconfiança do efeito do mercado e do Estado na produção cultural, seu desejo por um "Übermensch" - isto é, por um homem novo que não fosse nem mestre nem escravo; seu louvor ao êxtase ao ser criativo, com o artista como seu protótipo, que poderia dizer, "Sim" para a auto-criação de um novo mundo a partir do nada; e seu encaminhamento da "transvaloração dos valores" como fonte de mudança, ao contrário de uma concepção marxista da luta de classes e da dialética de uma história linear."[2]
Para Sunshine "a lista não é limitada para culturalmente orientados anarquistas como Emma Goldman, que deu dezenas de palestras sobre Nietzsche e o batizou como um anarquista honorário. Anarquistas pró-Nietzsche também incluem os membros da FAI na Espanha nos anos 30, como Salvador Seguí, e a anarca-feminista Federica Montseny; anarco-sindicalistas militantes como Rudolf Rocker; e também o jovem Murray Bookchin, que citou a concepção de Nietzsche de "tranvaloração de valores" em apoio ao projeto anarquista espanhol." E também, nos círculos anarquistas individualistas europeus, sua incluência é clara em pensadores/ativistas como Émile Armand[4] e Renzo Novatore[5] , dentre outros. Também mais recentemente o anarquismo pós-esquerdista de Nietzsche é presente no pensamento de Albert Camus,[6] Hakim Bey e Wolfi Landstreicher.

Composições Musicais de Nietzche

As composições de Friedrich Nietzsche não são tão conhecidas como seus escritos filosóficos ou seus poemas, mas o próprio Nietzsche, como um artista, pensou a música como seu principal meio de expressão.
Antes de se estabelecer plenamente como um filósofo, ele já havia criado uma miscelânea significativa de produções como poeta e compositor. A poesia permaneceu essencial para seus escritos filosóficos, e a composição musical tornou-se menos importante para ele na medida em que seu envolvimento com a palavra escrita foi adquirindo "nome próprio". Como conseqüência, as suas obras musicais são geralmente consideradas de pouca importância para a compreensão do seu pensamento filosófico.

Trabalhos Manuscritos publicados postumamente de Nietzche

Escreveu ainda uma recolha de poemas, publicados postumamente, com o nome de Ditirambos de Dionísio.
Nietzsche deixou muitos cadernos manuscritos, além de correspondências. O volume desses textos é maior do que o dos publicados. Os de 1870 desenvolvem muitos temas de seus livros publicados, em especial uma teoria do conhecimento. Os de 1880 que, após seu colapso nervoso, foram selecionados pela sua irmã, que os publicou com o título "A vontade de poder", desenvolvem considerações mais ontológicas a respeito das doutrinas de vontade de poder e de eterno retorno e sua capacidade de interpretar a realidade. Entre essas especulações e sob os esforços de intérpretes de sua obra, os manuscritos de 1880 estabelecem repetidamente que "não há fatos, somente interpretações".
Contudo, está disponível a obra Fragmentos Finais, que é baseada na reestruturação feita aos seus manuscritos no Arquivo.
No Brasil, alguns trechos desses fragmentos póstumos podem ser encontrados no livro Nietzsche da coleção Os Pensadores, publicada pela editora Abril Cultural.

Trabalhos escritos de Nietzsche

Obras de Friedrich Nietzsche, na ordem em que foram compostas:
  • O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música (Die Geburt der Tragödie aus dem Geiste der Musik, 1872); reeditado em 1886 com o título O Nascimento da Tragédia, ou Helenismo e Pessimismo (Die Geburt der Tragödie, Oder: Griechentum und Pessimismus) e com um prefácio autocrítico. — Contra a concepção dos séculos XVIII e XIX, que tomavam a cultura grega comoepítome da simplicidade, da calma e da serena racionalidade, Nietzsche, então influenciado pelo romantismo, interpreta a cultura clássica grega como um embate de impulsos contrários: o dionisíaco, ligado à exacerbação dos sentidos, à embriaguez extática emística e à supremacia amoral dos instintos, cuja figura é Dionísio, deus do vinho, da dança e da música, e o apolíneo, face ligada à perfeição, à medida das formas e das ações, à palavra e ao pensamento humanos (logos), representada pelo deus Apolo. Segundo Nietzsche, a vitalidade da cultura e do homem grego, atestadas pelo surgimento da tragédia, deveu-se ao desenvolvimento de ambas as forças, e o adoecimento da mesma sobreveio ao advento do homem racional, cuja marca é a figura de Sócrates, que pôs fim à afirmação do homem trágico e desencaminhou a cultura ocidental, que acabou vítima do cristianismo durante séculos.
  • A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos (Philosophie im tragischen Zeitalter der Griechen - provavelmente os textos que o compõem remontam a 1873 - publicado postumamente). Trata-se de um livro deixado incompleto, mas que se sabe ter sido intenção de Nietzsche publicar. Trata-se, no fundo, de um escrito ainda filológico mas já de matriz filosófica disfarçada por uma pretensa intenção histórica; mas o grande diferencial desta obra, sua inovação, consiste em sua interpretação psicológica dos pensadores originários. Considera os casos gregos de TalesAnaximandroHeráclitoParménides e Anaxágoras sob uma perspectiva inovadora e interpretativa, relevadora da filosofia que é de Nietzsche.
  • Sobre a verdade e a mentira em sentido extramoral[23] (Über Wahrheit und Lüge im außermoralischen Sinn, 1873 - publicado postumamente; edição brasileira, 2008). — Ensaio no qual afirma que aquilo que consideramos verdade é mera "armadura de metáforasmetonímias e antropomorfismos". Apesar de póstumo é considerado por estudiosos como elemento-chave de seu pensamento.
  • Considerações Extemporâneas ou Considerações Intempestivas (Unzeitgemässe Betrachtungen, 1873 a 1876). — Série de quatro artigos (dos treze planejados) que criticam a cultura européia e alemã da época de um ponto de vista antimoderno, e anti-histórico, de crítica à modernidade.
  • Humano, Demasiado Humano, um Livro para Espíritos Livres (Menschliches, Allzumenschliches, Ein Buch für freie Geister, versão final publicada em 1886); primeira parte originalmente publicada em 1878, complementada com Opiniões e Máximas (Vermischte Meinungen und Sprüche, 1879) e com O Andarilho e sua Sombra ou O Viajante e sua Sombra (Der Wanderer und sein Schatten, 1880). — Primeiro de estilo aforismático do autor.
  • Aurora, Reflexões sobre Preconceitos Morais (Morgenröte. Gedanken über die moralischen Vorurteile, 1881). — A compreensão hedonística das razões da ação humana e da moral são aqui substituídas, pela primeira vez, pela ideia de podersensação de poder, início das reflexões sobre a vontade de poder, que só seriam explicitadas em Assim Falou Zaratustra.
  • A Gaia Ciência, traduzida também com Alegre Sabedoria, ou Ciência Gaiata (Die fröhliche Wissenschaft, 1882). — No terceiro capítulo deste livro é lançada o famoso diagnóstico nietzschiano: "Deus está mortoDeus continua morto. E fomos nós que o matamos", proferido pelo Homem Louco em meio aos mercadores ímpios (§125). No penúltimo parágrafo surge a ideia de eterno retorno. E no último, aparece Zaratustra, o criador da moral corporificada do Bem e do Mal que, como personagem na obra posterior, finalmente superará sua própria criação e anunciará o advento de um novo homem, um Além-Homem.
  • Assim Falou Zaratustra, um Livro para Todos e para Ninguém (Also Sprach Zarathustra, Ein Buch für Alle und Keinen, 1883-85). Nessa trama centrada na figura do sábio solitário Zarathustra, o conceito do super-Homem surge necessário quando o homem já não mais se identifica com os seus semelhantes, com os demais homens. A necessidade da superação, reafirmando os valores imutáveis da natureza (como a força vital, o amor e o devir) tornam-se indispensáveis para que não se perca a própria identidade em meio ao caos do mundo, mesmo que isso não seja aceito ou bem interpretado pela sociedade .
  • Além do Bem e do Mal, Prelúdio a uma Filosofia do Futuro (Jenseits von Gut und Böse. Vorspiel einer Philosophie der Zukunft, 1886). Neste livro denso são expostos os conceitos devontade de poder, a natureza da realidade considerada de dentro dela mesma, sem apelar a ilusórias instâncias transcendentesperspectivismo e outras noções importantes do pensador. Critica demolidoramente as filosofias metafísicas em todas as suas formas, e fala da criação de valores como prerrogativa nobre que deve ser posta em prática por uma nova espécie de filósofos.
Placa com uma dedicatória para Nietzsche na casa em que ele residiu na cidade de Turim.
  • Genealogia da Moral, uma Polêmica (Zur Genealogie der Moral, Eine Streitschrift, 1887). Complementar ao anterior — como que sua parte prática, aplicada — este livro desvenda o surgimento e o real significado de nossos corriqueiros juízos de valor.
  • O Crepúsculo dos Ídolos, ou como Filosofar com o Martelo (Götzen-Dämmerung, oder Wie man mit dem Hammer philosophiert, agosto-setembro 1888). Obra onde dilacera as crenças, os ídolos (ideais ou autores do cânone filosófico), e analisa toda a gênese da culpa no ser humano.
  • O Caso Wagner, um Problema para Músicos (Der Fall Wagner, Ein Musikanten-Problem, maio-agosto 1888).
  • O Anticristo - Praga contra o Cristianismo (Der Antichrist. Fluch auf das Christentum, setembro 1888) - Apesar de apontar Cristo, mesmo em sua concepção "própria", como sintoma de uma decadência análoga à que possibilitou o surgimento do Budismo, nesta obra Nietzsche dirige suas críticas mais agudas a Paulo de Tarso, o codificador do cristianismo e fundador da Igreja. Acusa-o de deturpar o ensinamento de seu mestre — pregador da salvação no agora deste mundo, realizada nele mesmo e não em promessas de um Além — forjando o mundo de Deus como a cima e além deste mundo. "O único cristão morreu na cruz", como diz no livro que seria o início de uma obra maior a que deu sucessivamente os títulos de Vontade de Poder e Transmutação de Todos os Valores: uma grande composição sinótica da qual restam apenas meras peças (O AnticristoO Crepúsculo dos Ídolos e o Nietzsche contra Wagner) não menos brilhantes que a restante obra.
  • Ecce Homo, de como a gente se torna o que a gente é (Ecce Homo, Wie man wird, was man ist, outubro-novembro 1888) — Uma autobi(bli)ografia, onde Nietzsche, ciente de sua importância e acometido por delírios de grandeza, acha necessário, antes de expor ao mundo a sua obra definitiva (jamais concluída), dizer quem ele é, por que escreve o que escreve e por que "é um destino". Comenta as suas obras então publicadas. Oferece uma consideração sobre o significado de Zaratustra. E por fim, dizendo saber o que o espera, anuncia o apocalipse: "Conheço minha sina. Um dia, meu nome será ligado à lembrança de algo tremendo — de uma crise como jamais houve sobre a Terra, da mais profunda colisão de consciências, de uma decisão conjurada contra tudo o que até então foi acreditado, santificado, requerido. (… ) Tenho um medo pavoroso de que um dia me declarem santo: perceberão que público este livro antes, ele deve evitar que se cometam abusos comigo. (… ) Pois quando a verdade sair em luta contra a mentira de milênios, teremos comoções, um espasmo de terremoto, um deslocamento de montes e vales como jamais foi sonhado. A noção de política estará então completamente dissolvida em uma guerra de espíritos, todas as formações de poder da velha sociedade terão explodido pelos ares — todas se baseiam inteiramente na mentira: haverá guerras como ainda não houve sobre a Terra."[24]
  • Nietzsche contra Wagner (Nietzsche contra Wagner, Aktenstücke eines Psychologen, dezembro 1888).

Niilismo

O legado da obra de Nietzsche foi e continua sendo ainda hoje de difícil e contraditória compreensão. Assim, há os que, ainda hoje, associam suas ideias ao niilismo, defendendo que para Nietzsche:
"A moral não tem importância e os valores morais não têm qualquer validade, só são úteis ou inúteis consoante a situação"; "A verdade não tem importância; verdades indubitáveis, objetivas e eternas não são reconhecíveis. A verdade é sempre subjectiva"; "Deus está morto: não existe qualquer instância superior, eterna. O Homem depende apenas de si mesmo"; "O eterno retorno do mesmo: A história não é finalista, não há progresso nem objetivo". Ou ainda "...se existem deuses, como poderia eu suportar não ser um deus!? Por conseguinte não há deus." passagem que deixa evidente que a conclusão não decorre da premissa, mas sim da pessoal inaceitação do autor a um ente superior ao que ele próprio poderia conceber, ou seja: que, no mínimo, o autor é o ser de maior capacidade intelectiva que existe - isto portanto não o caracteriza como niilista. A superação do homem do seu tempo é o eixo de sua filosofia.
Outros, entretanto, não pensam que Nietzsche seja um autor do niilismo, mas ao contrário um crítico do niilismo. Na genealogia da moral o filósofo faz críticas abertas ao niilismo, que para ele seria uma "anseio do vazio", uma manifestação dos seres doentes aonde se conformam e idealizam o vazio e não um verdadeiro estado de força. Além disso, para ele o homem pode ser, além de um destruidor, um criador de valores. E os valores a serem destruídos, como os cristãos (na sua obra, faz menção à doença, à ignorância), um dia seriam substituídos pela saúde, a inteligência, entre outros. Tal afirmação se baseia na obra Assim falou Zaratustra, onde se faz clara a vinda do Além-homem, sendo criar a finalidade do ser. Tal correspondência é totalmente contrária ao niilismo, pelo menos em princípio. Ou um "niilismo positivo", para Heidegger.Todavia, Nietzsche, contrário ou não, não deixando escapar de suas críticas nem mesmo seu mestre Schopenhauer nem seu grande amigo Wagner, procurou denunciar todas as formas de renúncia da existência e da vontade. É esta a concepção fundamental de sua obra Zaratustra, "a eterna, suprema afirmação e confirmação da vida". O eterno retorno significa o trágico-dionisíaco dizer sim à vida, em sua plenitude e globalidade. É a afirmação incondicional da existência.
Talvez a falta de consenso na apreciação da obra de Nietzsche tenha em parte a ver com os paradoxos no pensamento do próprio autor. As suas últimas obras, sobretudo o seu autobiográfico Ecce Homo (1888), foram escritas em meio à sua crise que se aprofundava. Em Janeiro de 1889, Nietzsche sofreu em Turim um colapso nervoso. Nietzsche passou os últimos 11 anos da sua vida sob observação psiquiátrica, inicialmente num manicômio em Jena, depois em casa de sua mãe em Naumburg e finalmente na casa chamada Villa Silberblick em Weimar, onde, após a morte de sua mãe, foi cuidado por sua irmã.
Faleceu em 25 de agosto de 1900. Encontra-se sepultado em Röcken ChurchyardRöckenSaxônia-Anhalt na Alemanha

Referências nietzschianas

Contudo, no próprio legado do filósofo podemos inferir suas opiniões em relação a outras filosofias e posições. É sumamente importante notar que Nietzsche perdeu o pai muito cedo, seus primeiros livros publicados até 1878, que não expunham suas ideias mais ácidas, ainda assim fizeram pouco ou nenhum sucesso. Que ele ficou extremamente desapontado com o sucesso de Richard Wagner, o qual se aproximou do cristianismo. Teve uma vida errante, com poucos amigos, e sempre perseguido por surtos de doença.

Nas suas obras vemos críticas bastante negativas a Kant, Wagner, SócratesPlatãoAristótelesXenofonteMartinho Lutero, à metafísica, ao utilitarismoanti-semitismosocialismo,anarquismofatalismoteologia, cristianismo, à concepção de Deus, ao pessimismoestoicismo, ao iluminismo e à democracia.
Dentre os poucos elogios deferidos por Nietzsche, coletamos citações, muitas vezes com ressalvas a SchopenhauerSpinozaDostoiévskiShakespeareDanteNapoleãoGoethe,DarwinLeibnizPascalEdgar Allan PoeLord ByronMussetLeopardiKleistGogolVoltaire e ao próprio Wagner, grande amigo e confidente de Nietzsche até certo momento.
Ele era, sem dúvida, muito apreciador da Natureza, dos pré-socráticos e das culturas helénicas.

O Valor da História de Nietzsche

A questão colocada por Nietzsche em 1874 é explicitamente a do valor da história e só pode ser colocada porque reporta a história a uma instância exterior, a vida, qualificada então como não histórica. Em 1878, Nietzsche inverte sua interrogação e preconiza uma "filosofia histórica" que identifica vida e história, abrindo assim a possibilidade de uma história dos valores. O problema consiste agora em saber como concretizar esta última. Nietzsche recorre então ao esquema utilitarista, com o qual começa uma longa discussão, como testemunha muito bem, em 1882, A gaia ciência. Em 1887, o próprio conceito de "genealogia" é empregado para significar uma nova historicidade, cuja possibilidade mesma depende da liquidação prévia desse modelo, de modo que a crítica a Paul Rée deve ser compreendida também como uma autocrítica[21]


Principais Ideias de Nietchzse

Nietzsche em 1862
Seu estilo é aforismático, escrito em trechos concisos, muitas vezes de uma só página, e dos quais são pinçadas máximas. Muitas de suas frases se tornaram famosas, sendo repetidas nos mais diversos contextos, gerando muitas distorções e confusões. Algumas delas:
  1. "A filosofia é o exílio voluntário entre montanhas geladas."
  2. "Nós, homens do conhecimento, não nos conhecemos; de nós mesmo somos desconhecidos."
  3. "Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."
  4. "O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são."
  5. "Como são múltiplas as ocasiões para o mal-entendido e para a ruptura hostil!"
  6. "Deus está morto. Viva Perigosamente. Qual o melhor remédio? - Vitória!".
  7. "Há homens que já nascem póstumos."
  8. "O Evangelho morreu na cruz."
  9. "A diferença fundamental entre as duas religiões da decadência: o budismo não promete, mas assegura. O cristianismo promete tudo, mas não cumpre nada."
  10. "Quando se coloca o centro de gravidade da vida não na vida mas no "além" - no nada -, tira-se da vida o seu centro de gravidade."
  11. "Para ler o Novo Testamento é conveniente calçar luvas. Diante de tanta sujeira, tal atitude é necessária."
  12. "O cristianismo foi, até o momento, a maior desgraça da humanidade, por ter desprezado o Corpo."
  13. "A fé é querer ignorar tudo aquilo que é verdade."
  14. "As convicções são cárceres."
  15. "As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras."
  16. "Até os mais corajosos raramente têm a coragem para aquilo que realmente sabem."
  17. "Aquilo que não me destrói me fortalece."
  18. "Sem música, a vida seria um erro."
  19. "E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música."
  20. "A moralidade é o instinto do rebanho no indivíduo."
  21. "O idealista é incorrigível: se é expulso do seu céu, faz um ideal do seu inferno."
  22. "Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder."
  23. "Um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos."
  24. "Quanto mais me elevo, menor eu pareço aos olhos de quem não sabe voar. "Je höher man steigt, desto mehr schwinden die Kräfte – aber umso weiter sieht man." (Ingmar Bergman)
  25. "Se minhas loucuras tivessem explicações, não seriam loucuras."
  26. "O Homem evolui dos macacos? É, existem macacos!"
  27. "Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal."
  28. "Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."
  29. "Torna-te quem tu és!"
  30. "Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar"
  31. "O desespero é o preço pago pela autoconsciência"
  32. "O depois de amanhã me pertence"
  33. "O padre está mentindo."
  34. "Deus está morto mas o seu cadáver permanece insepulto."
  35. "Acautela-te quando lutares com monstros, para que não te tornes um."
  36. "Da escola de guerra da vida: o que não me mata, torna-me mais forte."
  37. "Será o Homem um erro de Deus, ou Deus um erro dos Homens?"
  38. "É preciso muito caos interior para parir uma estrela que dança."
  39. "Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você." (NIETZSCHE, F. Beyond Good and Evil. New York: Dover Publications Inc., 1997)
Longe de ser um escritor de simples aforismas, ele é considerado pelos seus seguidores um grande estilista da língua alemã, como o provaria Assim Falou Zaratustra, livro que ainda hoje é de dificílima compreensão estilística e conceitual. Muito pode ser compreendido na obra de Nietzsche como exercício de pesquisa filológica, no qual se unem palavras que não poderiam estar próximas ("Nascer póstumo"; "Deus Morreu", "delicadamente mal-educado", etc… ).
Adorava a França e a Itália, porque acreditava que eram terras de homens com espíritos-livres. Admirava Voltaire, e considerava como último grande alemão Goethehumanista como Voltaire. Naqueles países passou boa parte de sua vida e ali produziu seus mais memoráveis livros. Detestava a prepotência e o anti-semitismo prussianos, chegando a romper com a irmã e com Richard Wagner, por ver neles a personificação do que combatia - o rigor germânico, o anti-semitismo, o imperativo categórico, o espírito aprisionado, antípoda de seu espírito-livre. Anteviu o seu país em caminhos perigosos, o que de fato se confirmou catorze anos após sua morte, com a primeira grande guerra e a gestação do Nazismo.